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William Ballestrin

B.boy William

Meu nome é William Sarate Ballestrin, tenho 31 anos, moro na cidade de Bento Gonçalves mesma onde nasci e fui criado, trabalho atualmente com o coletivo Nest Panos com produção de artigos de vestuário voltados para a cultura urbana, onde o mesmo coletivo trabalha na produção de eventos em prol da cultura Hip Hop, continuo estudando diariamente tudo que pode agregar para aumentar o conhecimento e a possibilidade de melhorar as condições da marca e também da cultura, não tenho nenhuma formação acadêmica, apenas tenho o ensino fundamental completo.

 

Moro hoje com uma pessoa especial que escolhi como companheira, a Bruna, que me ajudou e me ajuda muito a melhorar como pessoa, moramos no mesmo porão onde tem o stand da Nest Panos e também meu pai, ele acompanha desde o início todas as dificuldades e releva muitas coisas, tipo sair de casa em um dia tendo uma sala e ele voltar e ter no lugar muita prateleira com produto que virou loja ou ele chegar em casa e ter 12 pessoas dormindo até no chão da cozinha porque vieram para o Battle in the Cypher.

 

Tenho um bom relacionamento com toda a minha família, onde nem sempre tudo foi maravilhoso, mas agradeço muito por tudo que meus pais fizeram por mim, eles me tiveram muito novos e tenho certeza que sempre buscaram me dar o melhor e não me deixaram faltar nada, mesmo não tendo tantas condições financeiras, sempre vi eles trabalharem muito e acho que por isso hoje acho que o trabalho é muito importante!

 

Trabalho de construção de condições melhores para as pessoas que estão ao nosso redor, não o trabalhar para ficar rico financeiramente, mas sim estar satisfeito com algo que faz, que gosta e te sustenta, estar podendo com o seu trabalho dar exemplo e oportunizar uma perspectiva de vida melhor.

 

Acredito que é isso que a Nest faz hoje, não é só vender um produto. Minha rotina de treinos é conforme meu tempo com a Nest, tento estar sempre em atividade, não só treinando, mas sim dançando pois sempre separamos bem isso e assim é na Cypher Vico onde nos encontramos, Vico é uma praça da cidade que virou um point de encontro para a rapaziada da dança, uma vez era somente na segunda, hoje em dia sempre que o tempo permite e o sol abre tem alguém buscando o rádio e indo para lá treinar.

 

Comecei a dançar cedo, andava de skate e o irmão de um dos meus amigos do skate dançava e nessa passada pela casa deles vi eles treinando na garagem, foi meu primeiro contato, não dancei mas fiquei assistindo e depois disso como brincadeira começamos a treinar alguns passos, fomos nos envolvendo deixando o skate de lado, conhecendo novas pessoas na cidade que dançavam na época street dance, break de chão, tinha vários nomes... e um dia assistindo uma reprise de um programa chamado “Bem Brasil” assisti uma apresentação da dupla Thaíde e DjHum onde o Marcelinho e o Banks dançavam no show que consolidou o que eu queria fazer, minha mãe sempre esteve envolvida com cultura em geral, já foi professora de dança, teve uma escola na cidade, ajudou a fazer um dos primeiros eventos onde teve palestras e workshop com Nino Brown e Banks da Back Spin Crew e sempre me incentivou muito, o breaking em Bento sempre teve uma representatividade muito grande, lembro de em uma época ter cerca de 8 crews ativas na cidade, era uma época boa, tinha muita rivalidade e isso fez com que a evolução fosse grande na cidade.

 

Comecei na garagem com a crew Movimento Breakers, entrei na Elemento B Crew, formamos a Estilo Próprio, onde logo depois parei de dançar, não por não gostar, mas por me envolver com amizades diferentes, acabei aos poucos parando, nesses quase 4 anos parados me envolvi em furtos, fui preso algumas vezes na maioria por lesão corporal, entrei num uso mais frequente de drogas, magoei muitas pessoas próximas com tudo isso e perdi muitas outras, a consequência de muita coisa errada: se foram oportunidades e amizades.

 

Nesse período voltei encontrei o Pedrinho na frente do apartamento que eu morava comendo um cachorro quente, ele falou da dança, de como estava, que novas pessoas dançavam e me convidou para voltar a treinar, não deixei tudo de mão assim que voltei a treinar, mas com o tempo, a rotina de treinos aumentou, começamos a trabalhar a ideia da Nest, de eventos e isso me deu uma perspectiva maior, com isso veio responsabilidades e a necessidade de nos tornarmos exemplos, entendemos que não adiantava termos apenas um discurso bonito, começamos a entender e deixar de lado o que não nos edificava, o que não deixava a gente evoluir, coisas que atrasavam mais do que ajudavam, atitudes, pessoas, lugares e acredito que abrimos mão de muita coisa que para alguns não seria normal, mas tínhamos uma ideia na cabeça.

 

Voltei a rever o Fernandinho, nos conhecíamos antes de eu ter parado, ele também teve um papel muito importante nessa volta, hoje somos parte da Crew Footwork Squad não pelas viagens, pelos eventos, mas pelo elo maior de ser algo além da dança, hoje tem novos integrantes novas ideias e buscas.

 

Isso é um resumo, muitas pessoas também foram muito importantes, fizeram parte da minha história e peço desculpas talvez por deixar de lado aqui, mas estão todos registrados na minha memória, aos que lerem isso, nem sempre a vida vai ser fácil, não dançaremos em alto nível para sempre, nem sempre os resultados serão como queremos, porém não deixem de lutar, de buscar, de estar fazendo algo mesmo que não seja para o EU e sim para um todo, a causa é maior, ‘’busquem fazer o melhor nas condições que tem , até poderem ter condições de fazer melhor ainda’’ para um todo!

 

O Hip Hop não salva ninguém, ele dá ferramentas para você se tornar uma pessoa melhor, quem tem que fazer por merecer é você!

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